segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Carnaval a "chocalhar"











Ao fim de três anos em Macedo de Cavaleiros, fui estreante nas andanças por Podence em tempos de "domingo gordo" um dia em cheio, entre famílias, tradições e inovações, acompanhadas de boa disposição alheiras, entremeada, pão caseiro e folar, tudo regado com o vinho de ocasião.
Para animar, um grupo de concertinas que ainda não consegui perceber quem são ou de onde são, mas que agradaram aos ouvidos dos demais...
Entre chocalhadas, caretos, matrafonas e bombos... um dia para não esquecer...
Para guardar as novas amizades...



Profana

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Efeito Borboleta...


Vivemos a vida sem ponderar o nosso papel, de grande magnitude neste fantástico jogo que é o da "Acção -Consequência".De facto se paramos para pensar a mais simples das nossas acções tem consequências nos outros... no mundo...E o que fazer?Levar este pensamento ao absurdo do pormenor imaginando que, se eu amanhã de manhã me levantar e for comprar pão ao pão quente mais proximo , me vou cruzar com um condutor, que vai olhar para mim e pensar que lhe recordo a irmão mais velha quando ainda era nova (já falecida), que se vai distrair por um microssegundo, o suficiente para não ver o carro que se aproxima pela direita, que vai bater, perder 2 horas, chegar atrasado ao trabalho, perder a promoção, e que a esposa em casa se vai separar porque tinham planeado um fim de semana romântico para tentar salvar o casamento e que agora o dinheiro para o dito fim de semana vai ter que ser usado para o concerto do carro, causado pelo acidente, causado pela distracção, causado pelo facto de eu ir ao pão naquela manhã fatidica...Não...Embora aconteça... o absurdo aqui seria totalmente absurdo... deixariamos de ter vida, existir... com receio do que pudesse acontecer no mundo...Por isso o conselho ( eu a dar conselhos) que aqui fica...vamos olhar mais próximo... para nós... para os nossos...Para os filhos que temos... para que as nossas acções sobre eles possam ser a consequência de um grande feito e não de um sentimento de culpa imenso que nos destrói (agora denunciei-me não??)... para a nossa família... para não deixarmos passar ao lado o que vemos mas fingimos não ver... para os nossos amigos,quando estamos tão absorvidos pelo nosso umbigo, que nem vemos que aquele companheiro de vida se afoga num mar de problemas que não partilha...é mais fácil do que parece... basta estar atento... parar... e pensar... estamos sempre a tempo...
Profana





Esta é uma das imagens que quando vejo me fazem sentir feliz pelo que tenho,e quão mesquinhos e diminutos os meus problemas são...


Profana

Para pensar

Esta semana ao ler uma entrevista numa conhecida revista de um jornal, a uma bela nova deputada do PS, uma das questões colocadas (de clichê... estava-se mesmo à espera que esta pergunta surgisse) fez me pensar e pesquisar um pouco ...A dita questão que passo a citar, "Considera que a beleza que lhe reconhecem influencia o modo como os outros a vêem e acolhem as suas ideias? " . depois de uma singela e humilde resposta , o jornalista faz referencia a um livro escrito pelo sociólogo Jean-François Amadieu, O peso das aparências, para contrapor a resposta dada.Ao ler sobre este sociólogo e em específico sobre este livro de sua autoria fiquei a saber que durante 30 anos, analisou estudos americanos e europeus sobre o tema, da influência da beleza e chegou a uma conclusão chocante: em toda a nossa vida, em todas as áreas, tanto no amor como no trabalho, relação com os outros é condicionada pela nossa aparência.Jean-françois Amadieu defende que, de facto a beleza pode ser uma arma de descriminação social.No seu livro comenta os padrões actuais de beleza impostos pelos americanos brancos através da TV, e outros meios de comunicação, afirmando que quem é baixinho, gordo, tem o corpo mal feito ou o nariz grande demais tem muitas mais dificuldades em se afirmar na sociedade. Amadieu chega mais longe, e fala-nos em estudos que provam que as atenções dos pais serão diferentes de acordo com a beleza da criança, dando o exemplo que uma mãe brincará muito mais com um filho se ele for bonito e insistirá mais na educação se for feio.”Pode-se aqui falar de um efeito de compensação à feiura”,comenta Amadieu“Muito mais que a criança bonita, a criança feia será julgada responsável pelos seus fracassos escolares”, “Primeiro pelos pais, depois pelos professores, em seguida pelos empregadores. A beleza tem o valor de um diploma: ela enriquece nossas competências.”,nota AmadieuDepois de ler isto, e posto desta forma, fico preocupada, não que não tivessse uma noção da influência da aparência mas, levada a este extremo???Talvez por isso a sociedade esteja cheia de jovens, que correm em busca de uma aceitação pela beleza, contudo ocos por dentro...
E vocês o que pensam?
Profana

Jean-François Amadieu

Jean-François Amadieu
Jean-François Amadieu é um sociólogo francês especialista em relações sociais de trabalho e físicos determinantes sociais da seleção. Ele é o diretor do Centro de discriminação, que realiza testes a fim de conseguir a primeira medição científica dos diversos contratação discriminação na França.

Viver na consequência...

Acordo todos os dias ,e ao olhar em redor apercebo-me que vivo na consequência...
De facto vivemos todos... na consequência de coisas maravilhosas que fizemos, de ideias brilhantes que tivemos, de negócios rentáveis que fizemos ou... simplesmente como eu... na consequência de todas as borradas que fizemos...
A raiva surge todos os dias... de mim mesma... da obstinada ideia de que tenho um potencial infindável... que apenas uso para me "enterrar" cada vez mais...
É preciso ser se mesmo besta...
(Incrível esbocei um sorriso enquanto escrevia "besta")
Pois é meus amigos mas a vida não se faz de lamentações... para isso existem os bloggs...

Ass: Profana

Os tugas primeiro!!!

Numa das inúmeras viagens de carro (quando ainda tinha carro... que não era meu mas bem...) pela manhã, ouvi a notícia da rápida ascensão de caixeira a autora de um best seller...
Uma mulher mundana que resolve passar para o papel as suas histórias tão verdadeiras e tão surreais de um dia a dia ao som de um bip constante da leitura de codigos de barras (fosse do papel higiénico ou de um produto de emgrecimento f'ácil)... apesar de ainda nao ter sido o lançamento do dito livro em portugal resolvi pesquisar.
Para minha felicidade descobri que um português de seu nome Manuel de Freitas já tinha escrito um livro (entre muitos) com alguns denominadores comuns com o primeiro... o supermercado, a mulher, e as histórias...
Se a autora do segundo livro terá tido um tórrido romance com Manuel Freitas e terá plagiado tardiamente a ideia não sabemos...
Ficam aqui alguns "pedaços" do original...

Profana

Isilda ou a nudez dos códigos de barras

Dizem que ressuscitou o rock numa pose de vampiro.
Não sei. Pelas olheiras, sobre o cabedal tão velho, mais parece um agarrado,desses que costumo encontrar no 42.
Mau hálito tem- quase tanto como a voz. Mas leva sempre suminhos, crentes de beleza, fiambre.Dá-me a ideia que nele até o olhar cansado é uma mentira cosmética,que depois usa em voz alta contra o tal"sistema".
Eu talvez gritasse melhor.

Estou a ver o estilo:a folha de canabis ao peito, os óculos de Foucault não-li e uma devoção macrobiótica tão estúpida quanto inquebrantável.
Esta gente custa- e o que é pior:cheira mal.
Assoa-se à mangada camisola, cheio de ideologia nos sovacos. E vem fazer compras como se estivesse outra vez no Lux,entre amigos abstémios que só não legalizam a vida porque ainda há limites para o meu gosto.


Conheço-lhe a tromba da televisão,com a barba rude, intelectual, tão preta- mas a dela também, loura e desfocada. Acho que é dos jornais.São esquisitos, nunca falam(entre eles, ou comigo).Não me agrada assim tanto dizer "boa tarde" a Deus, enquanto vou passando vinhos caros, gine produtos bizarros cuja serventia desconheço. Se a esquerda é isto,bem posso ir esperando subsídios,aumentos, um funeral mais em conta.


É o que se chama um "higiénico": latas,comida feita e embalada, whisky,cerveja ou vinho (quando não os três).
Deve beber-lhe bem e mudar pelo menos duas vezes por semana a areia do gato.
É tímido, inseguro e- por isso mesmo-extremamente rápido a arrumar as compras.Vai pagar outra vez com cartão. Hoje parece mais triste, talvez por no seu íntimo saber já que vai escrever um poema sobre mim, mera ajudante de leiturados códigos fatais em que cada um se expõe.Mas para quê tantas palavras? Bastava-lheter dito que me chamo Isilda e que a vida que tenho não presta.
A dele,suponho, não será muito mais feliz.Escusava era de maçar a gente com o que sofre ou deixa de sofrer.

A minha sabedoria é muda, desumana:um dia enlouqueço ou fico para sempre presa a um pesadelo sentado, com barras transparentes.


Manuel de Freitas

Manuel de Freitas
Manuel de Freitas nasceu em 1972, no Vale de Santarém.
Vive desde 1990 em Lisboa, onde tem exercido as actividades de tradutor, crítico literário e editor. É co-director da revista Telhados de Vidro. Publicou, além de vários livros de poesia, ensaios sobre literatura portuguesa contemporânea e foi responsável, em 2002, pela organização da antologia Poetas sem Qualidades (Averno).
Em 2006 foi-lhe atribuído o Prémio Literário Ruy Belo da Câmara Municipal de Sintra.