sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Nunca é...

Nunca é...
São as coisas que sonhamos, mas o tempo não tem sol...
São as pessoas certas, mas as palavras erradas...
A vida não é o filme perfeito onde até as lágrimas fazem sentido...
E neste mundo tudo é tão grotescamente real...
Os inícios trazem o vislumbre frágil e fugaz, do sonho...
uma micro-metragem de um tal... um filme perfeito...
São sonhos sim... sonhos dos quais acordamos sem nunca termos estado a dormir..
Nunca é o que queremos, como queremos...
e a solução?
Ficar?
Aceitar por menos os que nos dão e à noite no escuro sonhar com o que intimamente desejamos?
Partir?
Viver uma vida de procura incessante que reenicia a cada fim de filme?
A vida foi feita para se viver... e tão breve... passa por nós num suspiro trémulo...
O palpável apraz, o material dá gozo... mas não sacia a fome da alma...
E quando paramos e olhamos em volta nunca chegamos a viver de facto...
Eu sou da emoção... do toque ao de leve que provoca o arrepio de mil prazeres...
Eu sou do pormenor... da mais infima e pequena coisa, que me faz sorrir e lembrar como é bom respirar...
Se é certo que sem o terreno e mundano não podemos sobreviver... se essa é uma certeza, porque não alimentarmos o outro lado de cada um de nós?
Aquele que dá trabalho sem ordenado, sem patrão e a única compensação é a certeza de estarmos VIVOS!
Não entendo o mundo como é...
Prefiro acreditar no meu... naquele que criei, e onde sou feliz...
No outro sou uma mera sombra, viajo por entre as suas ruas, tão somente porque necessito de manter o meu corpo físico ...
Na minha alma eu estou segura ...





Profana

Um espelho nunca mente...





Já vai longe o tempo de tristezas mornas, feitas do vazio de não amar...
Como saudosas dores, recordo agora os tempos em que era, eu a razão dos meus lamentos...
Um par igual, feito dos mesmos defeitos,
Que vingança tão cruel esta, que doce e amargo fel de sofrer a ferro provando do meu próprio veneno..
Já são só sombras as lagrimas quentes que me aqueciam as noites de solidão, hoje não estou sozinha, mas se tenho por companhia a dor de não ter tendo, para que prolongo o sofrimento de estar contigo e nunca acompanhada...


Não me desvendas os teus pensamentos, sei que o teu sofrimento me dói por eu não ser o todo necessário para preencher esses vazio que te consome...


E se os teus olhos se pões longe para além do olhar, eu sei que não são momentos nossos que recordas...


Aproximo-me, tento te confortar, dar te paz e calor...


Mas não é por mim que o teu corpo chama..


Que a tua alma grita...


Desejava ter sido eu a cravar o punhal contra o teu peito e que o sangue que sangras ser feito das minhas culpas...


O duelo foi travado, o a tua mão mais rápida...


O tiro ecoou na imensidão do nada...


Ficou-me esta vontade de escrever, avivou-se a arte mas morreu parte de mim..








Profana

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Amor dói...




















Sonhos desfeitos...

sonhos que nunca aconteceram a não ser no âmago da minha imaginação

Aquela dor que eu não queria ter,
a que nunca procurei...
A dor da qual fugi com sucesso durante muito tempo,
voltou-me a encontrar
Quero a solução para esse problema meu,
que é só saber amar tudo

Quero estar longe de mim

Quero não te ver mais com estes olhos de água

Não me toques !

Os teus dedos atravessam me,

e sinto-me despida de alma...

quando me olhas

Encerro aqui o coração

Não sei ser feliz

Acaba aqui a dor

e com ela o amor...






Profana

domingo, 16 de agosto de 2009

Igual...
















Trouxe com o vento quente de verão,
a desilusão
ou talvez apenas a descoberta...
Os meus olhos cerram... o fim não está
mas se tudo já acabou dentro deste sono por dormir,

não existes
Afinal eu sou eu

e não me sinto mais por estares aqui

O que procuro não é
Se só queria o amor perfeito
porque me pintaram uma tela de branco...

mas o branco não cobre as figuras desenhadas

e não te vejo por entre falsas passadas...

O que trazes já nem sei,
deixa cair a máscara...
esconder não é mau
mas a representação do que não tens

só faz com que eu te veja como realmente és...
Não te quero entender,
não te vou cobrar,

estou embriagada de cansaço

de calor de calor...

Fora do meu mundo,

não quero ouvir o que tens para me dizer,

só quando me quiseres falar é que eu vou ouvir...



Profana

domingo, 9 de agosto de 2009

Nó...


Projecções de sonhos
de ideias que um dia julguei querer para mim
Mas tudo se esvai em segundos

num olhar que se perde...

numa palavra atirada ao lado,

que por ricochete nos acerta mesmo no peito
Numa pergunta sem resposta
Numa resposta que não serve

Contradição!

Contradição!

Fragilidade de amores de verão

a latejar de pólvora a arrebentar...
que passa, e sem fumaça,

já não lembra o desejo

Nada me passa!

Nada me maça!

A conformidade da realidade que escolhi para mim,
escolhi não ser escolhida para ser feliz
Mas não foi esta a felicidade que eu quis
de pedaços de amor

Ou apenas paixão da mesma cor

desse ... o Amor!




Profana

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Encontro


Pano branco quase de transparência perfeita
Pano que divide o instante em que não estou e o outro em que te toco

Vulto que procuro,
Gosto que sinto
... morder em mim o fogo da tua vontade com a minha vaidade Porque os Deuses desceram para me ver
trouxeram a insónia e deram calor e febre ao que eu pedia,

e respondi com curvas e anseios e devaneios

bocas de lábios quentes a salivar de desejo

Fui pele de tambor e tu o músico

foste voz da minha inconsciência

e guiaste-me no mar de prazeres
que me tiram a voz e libertam o grito

Reflexo sem espelho

o teu olhar procura os meus olhos respondem

gota de agua fria em ferro quente

até à extinção grita,

numa dança de consumição
para regressar ao ciclo
e novamente no ferro quente cair
e novamente se evaporar...



Profana

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Amor em Letras!


A, B, C...
São letras!

E de letras se fazem palavras...

E de palavras frases...

E de frases se fazem sentidos
que não requerem ouvidos,
porque o Amor também se lê!

É feito de letras este Amor...

É feito de emoções desdobradas em significados tantas vezes deturpados
Pela cruel sentença de se escrever o Amor!
Escrevemos e não dizemos

Sentimos e não falamos

Porque a distância cria coragem
E na ausência da tua imagem
Eu sou eu

Toda eu sem pudor

E clamando a tua presença
Eu me rendo à evidência

De não saber amar, não escrevendo...

Fica-me a poesia como beijos

E a palavra como Amor...




Profana

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Nunca se morre...


Quem te disse que tudo tem um fim?
Porque que te falaram numa única certeza, de morte certa,como certa é a vida...
Ou errada se preferires, mas sempre vivida...

Acalma os terrores que te devoram a alma

Não queiras falsos louvores,

Pois quem louva na partida, sem nunca se lembrar em vida

Tem no dizer o engano de um compadecer mesquinho

Que facilmente se troca
Que facilmente se esquece

E tão depressa desaparece, como veio... e ainda toca o sino...

Nunca se morre!

Faz da dor o sabor da memória!

Da saudade ainda que em desatino,

O momento glorioso que um dia viveste

Os sítios onde estiveste

As conversas partilhadas...

Nunca se morre!

Carregas contigo, no semblante da tua existência,

O que te deixaram sem te pedirem

E hoje parte do que em corpo, já não está aqui

dá passos nos teus passos
Corre-te nas veias enquanto vives...

E quando já não viveres, guarda a certeza de não morreres
Porque enquanto a memória do mundo existir

E ainda que venha o que é certo de um dia vir...

Estarás sempre presente

Porque...

Nunca se morre...

Morremos enquanto vivemos

E quando morremos...

Permanecemos...

Na saudade de quem nos ama...




Profana

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Caneta e papel


É de caneta e papel
É de caneta e papel o pensamento de cores e sabores
É no papel que escrevo dores

E com caneta desenho o melhor de mim...
É numa folha branca

Vazia de tudo

Onde o meu nada ganha corpo
Onde liberto o meu peso morto

Uma folha branca onde tantas vezes procuro o conforto

Mas ninguém sabe, por vezes nem mesmo eu...




Profana

Olhar


Vazio dos meus olhos sem os teus...
A tua presença que sem se notar...

Transborda em mim vontades contidas, suprimidas pelo receio de não agradar

Agradar a ti, que és símbolo da pureza há muito esquecida pelos Homens...

E eu com inocência de demónio me vejo como que aprisionada numa vergonha desmedida!

Só por te ter ali...

A olhar...



Profana

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O jogo


Dois adversários avaliando a possibilidade...
E embora querendo o mesmo nunca cedem à vontade...
Fingem não querer, mas morrem de desejo

Afastam o outro com frases de desdém

Têm por árbitro o sentido de cautela
que usam para jogar...
E quando empurram fazendo o "inimigo" recuar,

Nunca podem esquecer

De dar sempre dois passos em frente
Para o desafio não esmorecer
Que jogo este
Que estranha a forma
De lutar desistindo...

De amar sempre mentindo...
E mesmo quando ganha não há vaidade nem festejo na vitória conseguida
Porque quando acaba o jogo...

Pára também a vida!




Profana

Fruto


Doce manto de pele de leite e mel...
Doce carícia que me procura durante a noite

Não abandona, não cobra não sucumbe
Ao temperamento de sete mares revoltos em manhãs que nunca deveriam acontecer!
Tece de dia para dia um amor em teias de seda e cor
Que tem tanto de frágil como de indestrutível esse tão nobre amor...
Que vive de sorrisos, de um olhar um abraço.
Que é meu de carne, de corpo e sangue!

O único, feito desse paradoxo que é viver para morrer...
O único que expulsei de mim para o poder ter nos meus braços...
Meu Amor




Profana

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Cansaço...


Não trago o chapéu, até porque a Lua já há muito que me deixou de queimar.

Na mão vazia, a saudade do que já não recordo sentir, mas que sei que só é bom quando é saudade...

Desbravo por entre gentes , os pensamentos que tento adivinhar... procuro, indago sem falar...


Sou salteadora, pirata de emoções... ou serão apenas recordações, do que já nem sei executar.


Onde está o fogo posto, onde está a derrocada?


Para onde foi o vendaval de injúrias, calúnias e seduções...

O jogo?


O tudo ou nada!


Não sei ser eu sem ser de fel o mel que vendo...

Não sei ser pura, não me assentam vestes brancas e a luz acentua a minha palidez...


Talvez o cansaço da procura...


Arrumo o material, guardo os mapas...


Fico comigo...

Não sei onde estás...


Talvez me encontres...



Profana

terça-feira, 19 de maio de 2009

Ao contrário


Vazio no meu peito que arde, anseia, planeia, o que nunca chega a acontecer...
Não me arranjo, não vou ao teu encontro, não te procuro mais.
Porque sei, que tudo funciona ao contrário,
Que para ter é preciso não querer
Para ver é preciso não olhar
Para encontrar é preciso não procurar
Para ser amada é preciso ignorar
Por isso...
Saio de casa com a esperança de não te ver
Não me olho ao espelho porque não me importo que me aches desleixada
Não passo na tua rua para que ver-te esteja mais distante
Não frequento os teus locais preferidos
Não te quero
Não te amo
Não
Não
Não
Em vão...
Escrevo a pensar em ti...
E tudo o que não faço é porque penso em ti...
Por isso tudo ao contrário
Só quando outro procurar... é que te vou encontrar..





Profana

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Carne


A carne que come a carne

A carne que devora a alma

A alma que me tira do chão

A mão que no chão me acalma...


E ainda que jure não ficar, ou ame só por amar

e mesmo que o teu reflexo num espelho não combine com o meu andar

Eu prometo que não juro

e se não juro eu vou ficar


Fico por uma voz que agrada

Fico sem nunca te escutar

E se por vezes a melodia é doce

Nem sempre a palavra é de guardar


Não são os gestos que prendem

Tão pouco a nobreza da lição

É apenas uma vontade

Pelo prazer de comer carne

Sem uma objectiva razão


Mas se a alma passa fome

De que se alimenta então?

Não é da carne que come

Não é da luxúria, um pecado mortal

Talvez de uma carne faminta

de uma outra carne igual
Profana



sábado, 18 de abril de 2009

Profana e o Anjo...


Rodou, rodou... anjo branco alado... asas a planar... luz tanta luz...
A música...
A música...
Pousou, ali... pegou-lhe na mão, negro no branco cálido e pálido de seus dedos gloriosos...

Singelo, enfrentou-lhe o olhar reprovador carregado de altivez e quase de repúdia, puxou-a contra si e ao som de uma música celestial fê-la dançar em seus braços em rodopios que traçaram cores, brilhos, sabores...

Profana, sem acção deixou-se comandar naquele tango de vida... juro quase lhe ter notado um esboço de sorriso ou medo...

Longos foram os dias e noites... abandonado o seu trono... em Reino de Sacrilégio não se ditaram sentenças, nao se torturaram vontades, não se ouviram uivos de horror nem choraram lágrimas de solidão...

Levou-a consigo, mostrou-lhe o mundo de oposição ao seu... ensinou-a a sorrir, a amar... despiu-a de suas vestes de morte, abraçou-lhe o corpo nu retirou as suas asas e como homem e mulher entregaram-se...

Que visão tão nobre aquela... Deusa do mal e Anjo... em panos brancos... deitados seus corpos tocando-se aqui e ali, repousavam embevecidos de amor...

MALDITA!!!

Acordou em sobressalto, o seu Anjo dormia... aquela voz... MALDITA!!! Gritava-lhe... Profana baixou a cabeça e duas lágrimas cairam ... tinha vendido a sua alma à besta do mal, jurado prestar vassalagem eterna em troca de nunca mais sentir o amargo dissabor de uma desilusão de amor... levantou-se vestiu o seu vestido vermelho de Rainha negra e partiu para o seu Reino...

O Anjo acordou só... e ao ver que Profana partira, voou em seu alcance... Quando chegou... deparou-se com um pérfido cenário, sentada no seu trono Profana deixava-se tocar por homens sem alma, que lhe puxavam as roupas a apertavam... Profana de olhar fixo no Anjo, soltou um gargalhar que ecoou ...

"Heis-te aqui Anjo, este é o meu mundo esta sou eu coberta de defeitos e de orgulho em meus terriveis feitos, não me tentes demover... será inutil!!"

O Anjo ficou, e por amor queimou suas asas, entregando-se ao caminho do mal...Durante uma eternidade submeteu-se aos seus caprichos, humilhado, ignorava a sua dor e todos os dias tentava resgatar a mulher por de trás da Deusa... em vão... um ultimo dia, dirigiu-se a Profana, prostrou-se diante dela e enquanto arrancava o coração com as suas mãos proferiu..

"De nada me serve!!! "

Entregou-lhe o seu coração, e ficou a esperança no ar de que Profana comovida acordasse daquele sono de escuridão... Levantou-se do seu trono sem sinal de qualquer emoção lançou o seu Cepto sobre a oferenda, atirando-o para junto das horrendas criaturas que tinha por companhia que num ápice o devoraram...

O Anjo partiu... e porque amou tão profundamente quem não era digno de compaixão sequer, foram-lhe restituidas as asas e um novo coração sem lembranças de Profana.

Reza a história, que depois do anjo partir, Profana arrancou também o seu coração e o comeu... depois ordenou que construissem um poço com a profundidade de mil mares... onde se lançou ordenando que o tapassem para todo o sempre...

Há quem diga, que por cada vez que um coração se parte se estivermos com atenção, podemos ouvir ainda os gritos e lamentos de Profana...


Narrador


segunda-feira, 6 de abril de 2009

Mulher


Saiam da frente!!!

Corro por entre a multidão, empurro, grito, não olho a quem, não vejo nada...

Bocas, olhos, braços, pernas, mãos que me tocam... Um Homem que chama ,outro que pede, uma mulher que chora, um beco que fede...

Passos, tantos passos... uns que vão, que vem, partem , ficam, altos, baixos...

Gotas que caiem, suor que escorre e o tempo morre... morre

Bate o coração, cravam-se as garras, grita-se a paixão, finge-se não ver mas carregam-se escaras...

Escaras de tempos mortos, escaras de encostos perdidos, de encontros mentidos de amores absurdos...

Aumento... a velocidade... gritam crianças, lamentam os velhos, bebe-se um copo,fecha-se a porta, abre-se a porta,sento, levanto, digo um olá, finjo nao estar,fumo um cigarro...

Apresso a passada, dobro a esquina, calco a calçada, no chão um cão, na janela o gato,tropeço em mim, aperto a sapato,continua a caminhada...entro no escuro,mesas,bancos, o balcão iluminado,o empregado sorri... um copo derrubado.

Danço um dança, duas três, o corpo cansa, o homem avança, a frase falada e eu tão cansada... tão cansada...

Entro no carro, saio do carro,sobe as escadas,abre-se a porta,fecha-se a porta,despe-se a roupa,calores,temores,suores,gemidos,alguns...sentidos,range a cama,abana a pressiana,parte a garrafa,saltam os musculos,prende-se a mão,o turbilhão,dispara o coração... e assim se finge que se ama...
Profana

terça-feira, 24 de março de 2009

Constrangimento...


Procurei em palavras, frases feitas, um pedaço de carne que alimentasse, esse bicho que carrego comigo... o Ego!

Devorei olhares, ri com sonhos e quase me deixei levar por musicas cantadas, ouvidas,escolhidas como óleos perfumados que massajam a auto- estima.

Corri ao seu ritmo, vivi momentos que já não eram meus, fingi que a idade não tinha passado por mim, que não tinha deixado marcas...profundas... irreversíveis...

Enquanto caminhei por aí, falei de cima, contei vivências, senti o travo da inocência do outro e cresci... gargalhei com convicção, sem pudor nem temor eu era o produto da experiência...

A curiosidade que despertava, deu-me asas para subir mais alto, fiz de mim mestre e dos outros pupilos.

A noite...

A mesma onde actuei... o meu palco...o que ele dá... ele tira...

E assim foi no mesmo sítio, onde tantas vezes julguei vencer, marcar, mesmo ali que a minha imagem se desfez, virei sombra do que dizia ser... foi-se embora a convicção, o gargalhar... a boca secou, a garganta apertou e as palavras passaram a uma vontade imutável... silenciosa...

Senti-me frágil, constrangida...julguei até corar por momentos...

A peça onde contracenei, o papel que desempenhei... não de todo a personagem principal... o elenco prosseguiu o enredo, e a história continuou...



Profana

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sozinho...


Tudo se mantém imovel... tudo continuou,

A cidade que te viu crescer, que abraçaste tantas vezes e tantas vezes ela te guiou.

O Amor feito de jovialidade inexperiência que experimentou esse gesto maior de gerar vida.

Os teus feitos, tantos... meus primeiros... conversas de legados que ficaram ao balcão de lugares que me trazem imagens... recordações que mantenho vivas a cada passo que dou...

Dúvidas, sonhos desfeitos, as perguntas que te queria fazer e tudo o que te queria dizer...

Lembras? Não te olhei... nesses instante, e queria ter olhado o teu rosto, partilhado um sorriso cumplice...

Mas tu partiste... o que ficou... não chega... e dói...

Carrego a ambição ainda em jeito de sonho, de passar o que tenho de ti a alguém... um pedaço de mim...

Nesses dias mais tristes e cinzentos em que me lembram que não estás, mesmo estando... sempre...

Nesses dias em que a Saudade ganha dimensões imensurávies...

Molho o rosto... sempre sozinho...

"Onde está você agora..."


Profana (Bé)

terça-feira, 17 de março de 2009

Como Fazer Homens de Pedra


Receita: Homem de Pedra


Ingredientes:


1 Homem de coração puro

250g de Amor

250g de momentos inesquecíveis

120g de sonho

125g de loucura

Juras de Amor (qb)

Uma pitada de magia

Esperança a gosto

300g de mentiras

5oog de desprezo

175g de traição

200g de promessas


Preparação:

O truque para o sucesso desta receita, reside na colocação dos ingredientes certos pela ordem certa.

Coloca-se o Homem de coração puro num recipiente adequado, junta-se de uma só vez as 250g de Amor, divide-se as 125g de loucura em diversas partes e vão-se juntando uma a uma mexendo bem.

De seguida, lentamente juntam-se, as 250g de momentos inesquecíveis; as 120g de sonhos depois de irem 3m ao microondas podem-se juntar também.

É importante envolver os ingredientes bem, uns nos outros para que se forme uma pasta espessa e uniforme.

Depois destes ingredientes bem envolvidos junta-se uma pitada de magia e adiciona-se juras de Amor (qb).

Agora nesta fase seguinte vamos necessitar de uma batedeira e um recipiente maior.

Passa-se a massa obtida até então para o outro recipiente, e de uma assentada só vertem-se as 300g de mentiras e bate-se na velocidade máxima da batedeira, nesta fase a cor da massa altera-se para vermelho resultado da introdução das mentiras. Junta-se 250g de desprezo e mexe-se novamente, de seguida as 175g de traição mexendo sempre,a esperança coloca-se a gosto mas em ponto caramelo, juntamente com as 200g de falsas promessas.

Por fim coloca-se as restantes 250g de desprezo, unta-se a forma vai ao forno a 250º durante 6 meses e... Voi Lá!!!


HOMEM DE PEDRA!!!


Profana

domingo, 15 de março de 2009

Tragam-me dor servida em salva de prata!


Rebuscadas palavras... o seu sentido repensado um milhão de vezes na fracção de segundo que a minha impulsividade o permite.

Onde está ? Diz-me... mostra -me, não me a tires porfavor...

Silêncio?? Não, sabes que não, esse não me dá o que quero, se bem que consegue nos meandros da loucura, por entre incertezas ter um leve travo a desgraça.

Letras e mais letras, salteadas com bastantes reticências,como sabes que gosto, porque não finitam nada... fica tudo a pairar no ar, talvez seja vício criado por te ter tido, contigo nada é permanentemente permanente, mas contudo tudo é tão obstinávelmente seguro...

Busco, rebusco, vou até ao limite da pseudo sanidade, exponho a humilhação, digo que já não me importo... espero...

Julguei por momentos ter a certeza derradeira da frase que irias proferir...

E era tão docemente duro e cruel, o seu som...

E tu???

Nada.

Deste-me o nada em troca de escárnio provocatório, de sarcasmo e ironia...

Não era essa frase... essas palavras...

Fiquei novamente agarrada a essa puta de sedas brancas e cabelos ao vento, a esperança...

Aqui no meu Reino de Sacrilégio, onde eu Profana Deusa de todas as Imperfeições, pudesse eu ter sob meu domínio essa tua democracia de verdades...

Do alto do meu trono feito de vermes das mentiras, de pedaços de homens bestas e mil monstros de podridão, diria:

"TRAGAM-ME DOR SERVIDA EM SALVA DE PRATA!"

E todos dançariam valsas mórbidas ao som dos meus lamentos animais, e eu morreria e então seria feliz...


Profana

Acudam !!! Caíu um Deus do pedestal...


Blasfémia!! Calúnia!!!


Não digam que é verdade!?

Caíu um Deus do pedestal... Oh Cruel destino... a que me agarro??

E estes anos todos de dotrina cumprida, devoção inquestionável...

A quem vou eu recorrer agora para me sentir miserável???

Que dedo ou mão inquisidora me apontará pecados consumados e por consumar...

Não queria crer em tamanha calamidade... mas os meus olhos viram... à porta da rua, aquele um dia Deus gracioso detentor da moral e bons costumes... ali sem pudor a agir como um comum mortal???

Em devaneios com a carne fresca de um donzela qui ça uma Deusa proclamada por outro...

Não pudia acreditar no que via, como fora ele capaz de agir como um humano...

Como podia ele ter esse defeito tão monstruoso de sentir...

Saborear...

Nunca mais terei a doce perspectiva de um vislumbre de sua graça, de baixo para cima...


AAAAAHHHHHHH!!!!


Infâmia!


Sigo o meu caminho...

Já nada me resta aqui...

O inantingivel passou a real...

Parto...

Só amo Deuses...


quarta-feira, 4 de março de 2009


(...) Eu sou assim um poeta, já me conheço.

Quando digo que está a chover, molho as pessoas.

Arrebatado,viciado na atracção pelo abismo,

Pela adrenalina das emoções,

De mim até aqui, quem não fugiu morreu.

Vampirizei quem mais amei...(...)

O coração!

Essa máquina de pulsar valente, tão necessário.

De literatura tão frágil, que bater tão solitário...

E alma que não se vê, mas que dizem, traz consigo sentimentos.

A minha... arrasto-a pelo chão ou trago-a pela mão em certos momentos.

Mas se no deambular desta vida, pudesse eu escolher,

te daria a minha vida.

E por ti não importaria morrer.

Como pode um garrano parar de correr, selvagem... ao som furtivo de uma arma, que não lançada por cupido, disparada... Ecoa, na calmaria de um sonho.

Se me vês por entre a folhagem, quase me acharias normal...

Ou invejarias tamanha serenidade e luz.

Que a visão não te deixe iludir... Correrei sempre...

Ainda que corra não querendo, ainda que não querendo não pare!

terça-feira, 3 de março de 2009


Mas que falta de sentido é esta???

O sentido perdeu-se no meio de tanta vontade de resgatar... o que passou... o que não tem volta!!!

Mas gesto louco de rezignação, não tem volta???

Quem disse que não é possivel?? Quem ousou pensar sequer que não se pode ser capaz...

Ah... ainda está pra vir quem me detenha, quem me afogue num mar sem esperança, me despedace e do meu corpo faça alimento às bestas do julgamento...

O meu caminho é só meu... as pedras cortantes, sinto-as veludo...o frio gélido . . uma brisa quente de fim de tarde no verão... os infames monstros voadores que me gritam e mordem... pássaros que chilreiam, acompanhando-me no caminho...

A tua ausência??? Trago- te comigo, gravado em sonhos que ainda não vivemos...

Desbravo... Corro... Grito... Serei mil vezes eu a dona do Mundo!!!

Grotesco ser que se avizinha....

Eu!!!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Carnaval a "chocalhar"











Ao fim de três anos em Macedo de Cavaleiros, fui estreante nas andanças por Podence em tempos de "domingo gordo" um dia em cheio, entre famílias, tradições e inovações, acompanhadas de boa disposição alheiras, entremeada, pão caseiro e folar, tudo regado com o vinho de ocasião.
Para animar, um grupo de concertinas que ainda não consegui perceber quem são ou de onde são, mas que agradaram aos ouvidos dos demais...
Entre chocalhadas, caretos, matrafonas e bombos... um dia para não esquecer...
Para guardar as novas amizades...



Profana

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Efeito Borboleta...


Vivemos a vida sem ponderar o nosso papel, de grande magnitude neste fantástico jogo que é o da "Acção -Consequência".De facto se paramos para pensar a mais simples das nossas acções tem consequências nos outros... no mundo...E o que fazer?Levar este pensamento ao absurdo do pormenor imaginando que, se eu amanhã de manhã me levantar e for comprar pão ao pão quente mais proximo , me vou cruzar com um condutor, que vai olhar para mim e pensar que lhe recordo a irmão mais velha quando ainda era nova (já falecida), que se vai distrair por um microssegundo, o suficiente para não ver o carro que se aproxima pela direita, que vai bater, perder 2 horas, chegar atrasado ao trabalho, perder a promoção, e que a esposa em casa se vai separar porque tinham planeado um fim de semana romântico para tentar salvar o casamento e que agora o dinheiro para o dito fim de semana vai ter que ser usado para o concerto do carro, causado pelo acidente, causado pela distracção, causado pelo facto de eu ir ao pão naquela manhã fatidica...Não...Embora aconteça... o absurdo aqui seria totalmente absurdo... deixariamos de ter vida, existir... com receio do que pudesse acontecer no mundo...Por isso o conselho ( eu a dar conselhos) que aqui fica...vamos olhar mais próximo... para nós... para os nossos...Para os filhos que temos... para que as nossas acções sobre eles possam ser a consequência de um grande feito e não de um sentimento de culpa imenso que nos destrói (agora denunciei-me não??)... para a nossa família... para não deixarmos passar ao lado o que vemos mas fingimos não ver... para os nossos amigos,quando estamos tão absorvidos pelo nosso umbigo, que nem vemos que aquele companheiro de vida se afoga num mar de problemas que não partilha...é mais fácil do que parece... basta estar atento... parar... e pensar... estamos sempre a tempo...
Profana





Esta é uma das imagens que quando vejo me fazem sentir feliz pelo que tenho,e quão mesquinhos e diminutos os meus problemas são...


Profana

Para pensar

Esta semana ao ler uma entrevista numa conhecida revista de um jornal, a uma bela nova deputada do PS, uma das questões colocadas (de clichê... estava-se mesmo à espera que esta pergunta surgisse) fez me pensar e pesquisar um pouco ...A dita questão que passo a citar, "Considera que a beleza que lhe reconhecem influencia o modo como os outros a vêem e acolhem as suas ideias? " . depois de uma singela e humilde resposta , o jornalista faz referencia a um livro escrito pelo sociólogo Jean-François Amadieu, O peso das aparências, para contrapor a resposta dada.Ao ler sobre este sociólogo e em específico sobre este livro de sua autoria fiquei a saber que durante 30 anos, analisou estudos americanos e europeus sobre o tema, da influência da beleza e chegou a uma conclusão chocante: em toda a nossa vida, em todas as áreas, tanto no amor como no trabalho, relação com os outros é condicionada pela nossa aparência.Jean-françois Amadieu defende que, de facto a beleza pode ser uma arma de descriminação social.No seu livro comenta os padrões actuais de beleza impostos pelos americanos brancos através da TV, e outros meios de comunicação, afirmando que quem é baixinho, gordo, tem o corpo mal feito ou o nariz grande demais tem muitas mais dificuldades em se afirmar na sociedade. Amadieu chega mais longe, e fala-nos em estudos que provam que as atenções dos pais serão diferentes de acordo com a beleza da criança, dando o exemplo que uma mãe brincará muito mais com um filho se ele for bonito e insistirá mais na educação se for feio.”Pode-se aqui falar de um efeito de compensação à feiura”,comenta Amadieu“Muito mais que a criança bonita, a criança feia será julgada responsável pelos seus fracassos escolares”, “Primeiro pelos pais, depois pelos professores, em seguida pelos empregadores. A beleza tem o valor de um diploma: ela enriquece nossas competências.”,nota AmadieuDepois de ler isto, e posto desta forma, fico preocupada, não que não tivessse uma noção da influência da aparência mas, levada a este extremo???Talvez por isso a sociedade esteja cheia de jovens, que correm em busca de uma aceitação pela beleza, contudo ocos por dentro...
E vocês o que pensam?
Profana

Jean-François Amadieu

Jean-François Amadieu
Jean-François Amadieu é um sociólogo francês especialista em relações sociais de trabalho e físicos determinantes sociais da seleção. Ele é o diretor do Centro de discriminação, que realiza testes a fim de conseguir a primeira medição científica dos diversos contratação discriminação na França.

Viver na consequência...

Acordo todos os dias ,e ao olhar em redor apercebo-me que vivo na consequência...
De facto vivemos todos... na consequência de coisas maravilhosas que fizemos, de ideias brilhantes que tivemos, de negócios rentáveis que fizemos ou... simplesmente como eu... na consequência de todas as borradas que fizemos...
A raiva surge todos os dias... de mim mesma... da obstinada ideia de que tenho um potencial infindável... que apenas uso para me "enterrar" cada vez mais...
É preciso ser se mesmo besta...
(Incrível esbocei um sorriso enquanto escrevia "besta")
Pois é meus amigos mas a vida não se faz de lamentações... para isso existem os bloggs...

Ass: Profana

Os tugas primeiro!!!

Numa das inúmeras viagens de carro (quando ainda tinha carro... que não era meu mas bem...) pela manhã, ouvi a notícia da rápida ascensão de caixeira a autora de um best seller...
Uma mulher mundana que resolve passar para o papel as suas histórias tão verdadeiras e tão surreais de um dia a dia ao som de um bip constante da leitura de codigos de barras (fosse do papel higiénico ou de um produto de emgrecimento f'ácil)... apesar de ainda nao ter sido o lançamento do dito livro em portugal resolvi pesquisar.
Para minha felicidade descobri que um português de seu nome Manuel de Freitas já tinha escrito um livro (entre muitos) com alguns denominadores comuns com o primeiro... o supermercado, a mulher, e as histórias...
Se a autora do segundo livro terá tido um tórrido romance com Manuel Freitas e terá plagiado tardiamente a ideia não sabemos...
Ficam aqui alguns "pedaços" do original...

Profana

Isilda ou a nudez dos códigos de barras

Dizem que ressuscitou o rock numa pose de vampiro.
Não sei. Pelas olheiras, sobre o cabedal tão velho, mais parece um agarrado,desses que costumo encontrar no 42.
Mau hálito tem- quase tanto como a voz. Mas leva sempre suminhos, crentes de beleza, fiambre.Dá-me a ideia que nele até o olhar cansado é uma mentira cosmética,que depois usa em voz alta contra o tal"sistema".
Eu talvez gritasse melhor.

Estou a ver o estilo:a folha de canabis ao peito, os óculos de Foucault não-li e uma devoção macrobiótica tão estúpida quanto inquebrantável.
Esta gente custa- e o que é pior:cheira mal.
Assoa-se à mangada camisola, cheio de ideologia nos sovacos. E vem fazer compras como se estivesse outra vez no Lux,entre amigos abstémios que só não legalizam a vida porque ainda há limites para o meu gosto.


Conheço-lhe a tromba da televisão,com a barba rude, intelectual, tão preta- mas a dela também, loura e desfocada. Acho que é dos jornais.São esquisitos, nunca falam(entre eles, ou comigo).Não me agrada assim tanto dizer "boa tarde" a Deus, enquanto vou passando vinhos caros, gine produtos bizarros cuja serventia desconheço. Se a esquerda é isto,bem posso ir esperando subsídios,aumentos, um funeral mais em conta.


É o que se chama um "higiénico": latas,comida feita e embalada, whisky,cerveja ou vinho (quando não os três).
Deve beber-lhe bem e mudar pelo menos duas vezes por semana a areia do gato.
É tímido, inseguro e- por isso mesmo-extremamente rápido a arrumar as compras.Vai pagar outra vez com cartão. Hoje parece mais triste, talvez por no seu íntimo saber já que vai escrever um poema sobre mim, mera ajudante de leiturados códigos fatais em que cada um se expõe.Mas para quê tantas palavras? Bastava-lheter dito que me chamo Isilda e que a vida que tenho não presta.
A dele,suponho, não será muito mais feliz.Escusava era de maçar a gente com o que sofre ou deixa de sofrer.

A minha sabedoria é muda, desumana:um dia enlouqueço ou fico para sempre presa a um pesadelo sentado, com barras transparentes.


Manuel de Freitas

Manuel de Freitas
Manuel de Freitas nasceu em 1972, no Vale de Santarém.
Vive desde 1990 em Lisboa, onde tem exercido as actividades de tradutor, crítico literário e editor. É co-director da revista Telhados de Vidro. Publicou, além de vários livros de poesia, ensaios sobre literatura portuguesa contemporânea e foi responsável, em 2002, pela organização da antologia Poetas sem Qualidades (Averno).
Em 2006 foi-lhe atribuído o Prémio Literário Ruy Belo da Câmara Municipal de Sintra.