
Procurei em palavras, frases feitas, um pedaço de carne que alimentasse, esse bicho que carrego comigo... o Ego!
Devorei olhares, ri com sonhos e quase me deixei levar por musicas cantadas, ouvidas,escolhidas como óleos perfumados que massajam a auto- estima.
Corri ao seu ritmo, vivi momentos que já não eram meus, fingi que a idade não tinha passado por mim, que não tinha deixado marcas...profundas... irreversíveis...
Enquanto caminhei por aí, falei de cima, contei vivências, senti o travo da inocência do outro e cresci... gargalhei com convicção, sem pudor nem temor eu era o produto da experiência...
A curiosidade que despertava, deu-me asas para subir mais alto, fiz de mim mestre e dos outros pupilos.
A noite...
A mesma onde actuei... o meu palco...o que ele dá... ele tira...
E assim foi no mesmo sítio, onde tantas vezes julguei vencer, marcar, mesmo ali que a minha imagem se desfez, virei sombra do que dizia ser... foi-se embora a convicção, o gargalhar... a boca secou, a garganta apertou e as palavras passaram a uma vontade imutável... silenciosa...
Senti-me frágil, constrangida...julguei até corar por momentos...
A peça onde contracenei, o papel que desempenhei... não de todo a personagem principal... o elenco prosseguiu o enredo, e a história continuou...
Profana